Voar, plantar e colher

Por Cristina Schonwald de Oliveira

Gestora para Assuntos da Terceira Idade

Desde eras remotas, o homem teve o sonho de voar. Foram muitos visionários tendo inúmeras tentativas e projetos, até a concretização deste sonho em realidade. Com o passar do tempo e com a evolução das tecnologias, não só este sonho acabou sendo aprimorado e concretizado, como outros idealizados. Que necessidade será essa, inerente e latente no ser humano, que o leva a grandes descobertas e realizações, todas nascidas de mentes inspiradas, persistentes e iluminadas? Será o anseio pelo poder ou a possibilidade de proporcionar uma mudança na qualidade da vida da humanidade?

Deixando um pouco de lado os grandes benefícios dessas descobertas, o fato de poder olhar para nosso planeta por outro ângulo, como atualmente podemos observar do alto, faz com que mudemos nossa perspectiva para uma visão mais global, do micro para o macro.

Ficamos tão envolvidos e fechados nas nossas atividades e rotinas dentro do espaço social que habitamos (família, trabalho, amigos, bairro, cidade), que acabamos deixando de nos ver como parte integrante de um planeta dentro de um universo. Esquecemos que somos o que pensamos, e nossas atitudes refletem além do que temos dentro de nós, refletem também o que filtramos do ambiente em que estamos inseridos. Assim, como somos influenciados pelo meio, nós influenciamos este meio também.

Pensar em voar nos remete à representação de estar no alto, que amplia a visão e conduz à reflexão da importância de treinarmos nosso olhar para uma vida mais aberta e abrangente, sendo parte de um todo maior. Se fazemos parte de um grande planeta, então por que não praticar mais solidariedade? Por que não disciplinar o respeito, deixando aflorar a compreensão e abolindo o preconceito?

O que está acontecendo com nossa humanidade que cultiva raiva e brigas, pratica o desrespeito e xingamentos ásperos, tanto nas mídias sociais como no trânsito e nos espaços comuns de convivência? Esqueceu o homem que assim está indo contra a sua própria essência, contra si mesmo?

Onde está o respeito às diferenças, a outras opiniões que não são iguais às nossas, tanto políticas como de credo ou de postura de vida? Por que querer ser o dono da verdade, quando sabemos que cada pessoa é única, com experiências individuais que fazem sua existência ser singular, passando pelas mesmas situações, mas com particular entendimento?

Possuímos a capacidade de, através de nossas atitudes diante da vida, sermos refletores de um mundo mais harmonioso, com postura coerente e fundamentada no respeito ao próximo. Dessa maneira, procurando realizar o nosso melhor, a lei natural, que diz que o que plantamos sempre colhemos, será a geradora de voos mais altos que nos tornarão verdadeiros e conscientes seres humanos.