Treinando a paciência


 Autor: Cristina Schonwald de Oliveira

Gestora de Assuntos para Terceira Idade 

(Reflexão de alguém com 60 anos, cuidando de alguém com 87 anos)

Vivemos de maneira agitada, quase sempre correndo, apressados, realizando muitas atividades ao mesmo tempo, e não paramos para prestar atenção sobre o que está acontecendo com aqueles que estão próximos a nós. E, quando convivemos com um idoso, envolvidos com nossas vidas, acabamos julgando de maneira equivocada, com preconceito, as suas atitudes, sem nos darmos conta de que são dificuldades que eles estão enfrentando e que acabam determinando o modo de eles agirem nas suas rotinas.

Muitas vezes, o que pensamos ser teimosias são apenas limitações oriundas das perdas naturais do processo de envelhecimento. Chegamos mesmo a pensar que, para nos provocar, demoram para se vestir ou para comer, por exemplo. A lentidão para realizar atividades rotineiras, muitas vezes, para nós é incompreensível. Nós nos deslocamos, nos vestimos, agimos com agilidade, rapidamente, sem pensar, em uma ação de forma automática e instantânea.

É difícil lidar com estas situações, e não nos damos conta de que o processamento do cérebro de um idoso não é mais o mesmo, aumenta a demora para o comando de realização ser dado, e o corpo, já com desgastes naturais do tempo, também demora para corresponder. A capacidade de resposta para as atividades diárias fica comprometida.

A perda gradual da nitidez da visão é mais um entrave que pode provocar a lentidão nos movimentos, que passam a ser realizados com cautela, na procura de maior segurança. Se observamos alguma dificuldade para o idoso sentar-se, imagina então para se levantar. A força muscular que é necessária para estes movimentos adquire uma dimensão maior, ocasionando um esforço que acaba tornando os movimentos mais vagarosos. Nesse processo todo, aquele que o está acompanhando vai treinando a paciência.

Olhando para o idoso com compreensão desta nova realidade de estar com suas capacidades físicas e sensoriais diminuídas nesta fase da vida, com um olhar amoroso e zeloso, vamos forjar a paciência fundamental e necessária para um saudável relacionamento.

Procurar entender melhor, buscar conhecimento, como diz o Mestre Argon: “O aprendizado é contínuo, não há data para o término, mas sempre há data para o início. Sois aprendizes constantes de um universo rico em sabedoria e rico em prover oportunidades para o vosso crescimento e a vossa melhoria contínua”.

Portanto, podemos transformar este momento de se estar na Terceira Idade em uma oportunidade enriquecedora de novos aprendizados. Estes novos ensinamentos podem ser adquiridos através de profissionais da área médica, de grupos experientes, de familiares e amigos, em uma troca de experiencias e ideias, que serão geradoras de maior compreensão, fortalecendo-nos para ter uma convivência mais harmônica junto ao idoso.

Dica de leitura: artigo da fisioterapeuta Graziela Trindade Peña – “Capacidade Funcional no Idoso” que contém explicações técnicas sobre a perda de algumas capacidades funcionais com o passar do tempo, bem como a importância do envelhecimento saudável, com qualidade de vida.

(Este artigo se encontra na sessão – Artigos – Eu e Minha Melhor Idade 

https://www.espacomultidimensional.com.br/artigos/eu-e-a-minha-melhor-idade/capacidade-funcional-no-idoso ).