Onde buscar a alegria?


Autor: Cristina Schonwald de Oliveira

Gestora de Assuntos para Terceira Idade

Onde buscar a alegria, onde buscar o conforto e a harmonia para entender o que está sentindo e vivendo, é um questionamento bem recorrente, principalmente na vida de quem está no momento da Terceira Idade. O fato é que o ser humano não é preparado para viver esta etapa da vida. Lembrando que as crianças são preparadas para estudar, ensinadas para vivenciar diferentes tarefas no seu cotidiano. Os adultos são preparados para o mundo profissional, para os cuidados com os filhos, se os tiverem, e sabem que em algum momento irão se aposentar e deixam para se inteirar sobre o assunto só quando acontecer.

Quando a vida apresenta a realidade de se estar no processo de envelhecimento, os fatos do cotidiano tornam-se surpresas que nem sempre são agradáveis. A descoberta da sua própria fragilidade gera insegurança e uma série de questionamentos. A tendência do ser humano é transferir, buscando o alento, o consolo e a força em outras pessoas ou situações que muitas vezes são apenas fugas para a falta de entendimento, entregando-se ao desânimo sem conseguir enfrentar as mudanças que surgem.

É fundamental não esquecer que está dentro de cada um toda a força necessária para buscar o conhecimento que gera compreensão e prepara para o enfrentamento de novas etapas no processo de aumento da idade. A ação de procurar o que está sendo necessário para a qualidade do envelhecimento deve partir da própria pessoa, sem se colocar na posição de abandonado ou alienado do seu grupo familiar ou social.

Existem sim harmonia, alegria e condições para se usufruir de bons momentos na velhice, tudo está dentro de cada um e depende do olhar que decide ter com sua própria vida. É a mesma história do copo com a metade de água, cada um o vê de uma maneira diferente, mais cheio ou mais vazio, falta água ou que bom que tem água. É o mesmo olhar para a própria condição, apreciar o lado bom, o presente, buscando maneiras de melhorá-lo, ou se entregar ao vitimismo porque não foi preparado para entender as limitações naturais que começam a acontecer.

Sem viver preso nas memórias do passado, mas é fato que ele é importante, pois construiu o que se é no presente, dele deve-se guardar os ensinamentos e as vivências positivas que trazem bem-estar e alegrias. Fazer das boas recordações a base para se conquistar um presente saudável que possa tornar cada pessoa uma boa companhia para compartilhar a vida.

É fato que cada um só consegue dar o que tem dentro si, então, é só aproveitando cada ocasião, cada experiência do dia a dia, que se consegue cultivar valores e conteúdo interno para a própria felicidade. Na simplicidade e na valorização dos instantes vividos, com familiares, amigos, lendo um bom livro, assistindo a um filme, praticando uma atividade física, cuidando de uma casa, de um jardim e de animais, construímos nossos próximos anos.

 Está dentro de nós as respostas para os questionamentos, depende de nós, do nosso olhar, de nossas escolhas diárias a maneira como vamos encarar o que vem para nossa vida. Devemos e podemos fazer com que nossa vida tenha sentido, trazer para a nossa existência o amor, a consideração, a benevolência e a paciência, compartilhando indistintamente com alegria, os bons sentimentos e aprendizagens adquiridos no decorrer dos anos.