Iniciando pelo Ocaso

Foi apenas um instante dentro daquela jornada. Interessante que parecia fazer tanto tempo, tão demorado, tão longo o caminho e tão cheio de aprendizagens. Por vezes, e olha que não foram poucas, foi muito doloroso, teve muita tristeza e foi bem impactante. Mas, mesmo assim, por outras muitas vezes aconteceram os momentos de amor e alegria. Assim, no compartilhar de uma existência, de uma história revelada em medos e sonhos, se construiu algo especial que acabou por explicar de forma mágica a razão de ser e de se estar vivendo naquele tempo e espaço.

            Ficamos diante da descoberta do encanto do ocaso da vida na contramão da beleza da descoberta no nascimento de outra vida. Dois extremos que se unem e transcendem, mudando vidas e famílias com a intensidade de uma tempestade que assola a natureza.

            O início e o fim de apenas um período. O início e o fim de apenas uma experiência. Novas aprendizagens, mudanças constantes e surpresas que vão surgindo ao longo da caminhada a cada vivência que se apresenta. A chegada do desconhecido trazendo outra visão para as rotinas, desde a mais tenra idade até o momento da chegada do ocaso de uma vida.

            Assim os seres chegam, assim os seres partem, entre constantes transformações e interações. E neste intervalo, entre o chegar e o partir, onde cada respiração se transforma na poesia da arte de viver, é que são geradas novas histórias a cada novo amanhecer.

            Nesta construção de vidas, nas séries de mudanças experienciadas, nasce tudo o que nos torna melhores. Aprendemos valores. E, se nos abrirmos para ouvir a voz do nosso coração, em equilíbrio com a nossa razão, então podemos contar aos nossos descendentes que valeu a pena.

Durante a caminhada, pode-se trilhar uma estrada que muitas vezes é tortuosa e com bifurcações, e que nos força a tomar decisões nem sempre fáceis diante do desconhecido. Mas, enquanto se está caminhando, a estrada também pode ser plena de boas orientações, boas companhias e beleza.

            E, neste espaço de tempo, do mesmo modo que nos ciclos da natureza, assim como os pássaros constroem seus ninhos, os homens constroem suas existências e contemplam o legado de suas obras. Deste modo, seguem em frente, mesmo sem saber qual será seu destino no final.