Estação Outono e a Terceira Idade

Gestora para Assuntos da Terceira Idade

Durante toda a minha vida, passei ouvindo uma comparação do outono com a chegada da velhice, como se ele fosse o prelúdio da decadência de uma existência. E eis que, no auge dos meus sessenta anos, passei por um doce outono, que me preencheu de sensações diferentes, com suas cores quentes em tonalidades amareladas, em um colorido todo especial. Outono de pura magia que representa transição e que nos prepara para a chegada de uma nova estação.

                Época que aflora em nós a consciência do início de mudanças que se configuram como algo normal, assim como é natural que as folhas e frutas que secam venham a cair, para após um determinado tempo se renovarem em prósperas colheitas. Tempo em que tanto os vegetais como os animais se preparam para as transformações que se aproximam. Não há pressa, tudo é sincronizado dentro de uma perfeição surpreendente. É a mágica da reconstrução da vida em sintonia com o nosso planeta.

                Assim estamos e somos nós, essência divina que carrega no seu âmago a certeza de que o caminho sincronizado com a simplicidade e a clareza que encontramos nos ciclos da natureza pode ser brando e harmônico. A vida passa rápido, em uma sucessão de estações, célere como um rio que vai em direção ao mar. E é o mar que na sua grandiosidade recebe nossos sonhos, nossas dores e alegrias em um ciclo interminável de ir e vir, sem pedir nada em troca, apenas sendo mar, parte integrante da natureza.

                Como disse Hermes Trismegisto, legislador egípcio e filósofo, em uma de suas leis: “O que está em cima é como o que está embaixo e nada está parado, tudo se move”. Então, em cima ou embaixo, à direita ou à esquerda, no inverno ou no verão, no outono ou na primavera, nossa vida é cheia de diferentes experiências que a cada nova etapa se renovam, se completam e vão nos construindo.

                À medida que o tempo vai passando, vai deixando suas marcas em nosso corpo. Essas marcas, visíveis através das rugas que surgem ou nas alterações em nossas capacidades físicas, representam a soma de conhecimentos adquiridos nas eras vividas. No entanto, como somos seres que periodicamente se renovam, estamos sempre nos movendo em direção à construção do nosso melhor eu, baseados no amor que respeita e procura viver suas estações fazendo a sua parte e aprendendo as lições que precisa para entender seu caminho. Caminhar, mudar, aprender e renovar até o próximo outono chegar.