Finitude

Autor: Cristina Schonwald de Oliveira

Gestora de Assuntos para Terceira Idade

Fazendo parte da vida de um idoso, deparamo-nos com muitas dúvidas que despertam a oportunidade para novas aprendizagens. Muitas vezes, achamos que entendemos o que eles estão vivendo e, em alguns momentos, até perdemos a paciência com eles, por falta de um real entendimento.

                Então, na procura desse entendimento, estruturando pensamentos e buscando aprendizagens, recebemos para nossa reflexão a narração de um momento dentro da jornada de alguém que já passou por este planeta. Ele compartilhou alguns sentimentos e algumas lições da sua caminhada em um passado não muito distante:

“A finitude da vida vai nos colocando frente à nossa verdadeira personalidade. Vai nos colocando frente às nossas limitações. De repente, eu fazia tudo, fazia quando eu queria, e passei a não conseguir mais fazer as mais simples tarefas sozinho.

Primeiro, fiquei revoltado, depois, brabo, depois fiquei muito triste, e por fim tive que me resignar. Tive que aceitar minha triste condição limitada e de ser dependente para tudo, para todas as tarefas. Então, nesse momento foi que comecei a entender melhor a vida. Por que voltarmos na Terra. Por que passar por tantas coisas durante uma vida.

Mas é assim mesmo, é assim que evoluímos, e ainda é assim que aprendemos a ser pessoas melhores, a sair do nosso egoísmo. É assim que, finalmente, nos libertamos das amarras que nos prendem e nos engessam e nos bitolam, deixando-nos cegos para o verdadeiro sentido da vida.

Ficar velho e doente é muito triste e pesado. É muito difícil raciocinar com clareza, sentir com clareza. Tudo é muito pesado, dói muito, dá vontade de se encolher e sumir. Mas a vida não deixa, e aí você encara tudo e diz: vamos lá, vamos enfrentar.

E o tempo vai passando, passando, e quando você vê: Bum, tudo terminou e você acorda para a verdadeira vida, para a verdadeira realidade. E isso é papo para outro dia”.