Acabei me distraindo

Autor: Izabel Cristina Heberle

Em alguns momentos ficamos sem saber o que fazer. Fogem as palavras. O tempo fica parado dentro de nós. Quando estendemos o olhar ao nosso redor, notamos que o mundo continuou a acontecer. As pessoas andando, o relógio marcando as horas, o Sol cumprindo sua trajetória diária. Mas, afinal, o que aconteceu? O que parou dentro de mim?

O tempo de me aceitar como sendo sombra e luz, com meus erros e acertos, o tempo de me ouvir e de me expressar, ficou esquecido, ficou de lado, jogado em um canto qualquer. Períodos carregados de distrações e ilusões, envolvendo e bloqueando o pulsar da verdadeira vida.

No momento em que se consegue romper a malha que envolve o cotidiano em rotinas sem sentido é como se a pessoa estivesse saindo de uma bolha que distorcia a imagem ao redor. O Sol volta a brilhar com mais intensidade e seu calor traz a saúde e o bem-estar que tanto almejamos. Percebemos o vento, a chuva e toda a natureza expandida e vibrando energias harmônicas, que envolvem e devolvem o equilíbrio e a lucidez que estavam estagnados.

Valores que antes eram negligenciados voltam a se firmar. As pessoas que eram vacilantes tornam-se fortes e determinadas. É o movimento do voltar a buscar o fundamento, a força e a base para conseguir se erguer dentro do que se pode e se consegue naquele momento. É o retorno da conquista de se construir de maneira mais sólida para tornar-se um ser mais íntegro e consciente.

Deixar de lado medos e inseguranças faz parte deste movimento de saída das distrações. É componente desta transformação a consciência de que estamos todos em sintonia. Estamos ligados uns aos outros. Estamos ligados a toda a natureza, ao planeta, ao universo. Estamos ligados por nossas ações. Assim, somos responsáveis pela maneira como agimos e como interagimos com tudo e com todos no nosso dia a dia.

Ao sair do amortecimento da ilusão e das distrações, nasce o acordar para descobrir o que se tem de melhor dentro de si. O potencial para amar, para acolher e para compartilhar está latente dentro de todos. Brilha como uma armadura reluzente de cor dourada a dignidade do ser que está batalhando para realizar sua passagem pela vida com responsabilidade por sua caminhada.