Autor: Graziela Trindade Peña
Fisioterapeuta formada pela PUCRS. Especialização em Traumato Ortopedia. Curso de aperfeiçoamento em Envelhecimento e Qualidade de Vida.
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O envelhecimento é um processo de ordem natural, silencioso, progressivo, devastador e irreversível, variando de intensidade e forma de acordo com a natureza de cada organismo (PAPALÉO NETTO, 2002; FREITAS et al., 2006). O próprio envelhecimento biológico é responsável por uma série de alterações em vários sistemas do corpo humano, o que pode interferir na capacidade do idoso em responder e interagir com o ambiente ou espaço em que vive.
Um dos grandes problemas do processo de envelhecimento humano está associado à perda da capacidade funcional, que faz com que o idoso se torne total ou parcialmente dependente, afetando sua autonomia e qualidade de vida. Estudos mostram que a diminuição da capacidade funcional limita a independência do idoso na execução das atividades de vida diária, reduz a qualidade de vida e confere altos riscos para mortalidade, dependência, institucionalização, hospitalização e cuidados.
De acordo com a portaria no 1395/GM, que dispõe sobre a Política Nacional de Saúde do Idoso (BRASIL, 1999), capacidade funcional é definida como a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma.
O indivíduo para locomover-se faz necessário o trabalho dos órgãos sensoriais, especialmente para manutenção da postura e equilíbrio indispensável a locomoção. Para manter o controle do equilíbrio, três sistemas sensoriais são indispensáveis: o visual, o vestibular e o proprioceptivo. Essas alterações fisiológicas agem diretamente na instabilidade postural ocasionando modificações na marcha, como a velocidade, comprimento e largura das passadas, o período de apoio bipodal, balanço normal dos braços, diminuição da rotação pélvica, do joelho e altura de cada passo. O somatório desses fatores de risco são a principal causa de quedas nos idosos e a fisioterapia age diretamente nesses fatores.
A prevenção de quedas é um assunto de importância na saúde pública pelos prejuízos e morbidade relacionados. Entretanto, medidas como atividade física, nutrição, avaliação de riscos domésticos e revisão periódica de medicamentos são fundamentais para a prevenção de quedas.
As atividades físicas devem ser realizadas regularmente, visando estabilidade postural e equilíbrio que tanto influenciam na marcha. Esses podem ser prevenidos com fortalecimento dos membros inferiores, superiores e tronco, mobilização articular, treino de marcha com obstáculos e/ou em solos desnivelados, mudanças de decúbito (sentado para de pé e vice-versa, levantar do chão, deitado para sentado), exercícios de agilidade, além de atividade aeróbica e proprioceptiva (PICKLES, et al., 2000; CUNHA et al., 2009). A hidroterapia também pode ser utilizada na prevenção de quedas atuando com caminhadas na piscina, fortalecimento e alongamento musculares e atividades para treinamento de equilíbrio postural.
A prevenção também deve ser feita por orientações aos pacientes e familiares em relação às possíveis modificações no ambiente do idoso. É necessário retirar ou fixar tapetes no chão; não deixar fios de telefone e televisão, por exemplo, expostos; usar calçados confortáveis com solado antiderrapante; guardar objetos frequentemente usados ao alcance da mão; adaptar corrimões; instalar interruptor de luz próximo à cama, ter uma lanterna no criado-mudo durante à noite; manter sempre um copo d´água próximo à cama assim como números de telefones de emergência; instalar barras de apoio no banheiro e tapetes antiderrapantes no chuveiro; evitar obstáculos na casa como mesinha de centro; não deixar sapatos ou brinquedos espalhados pelo chão da casa; examinar o quintal quanto a buracos, pedras; ao se levantar de deitado esperar um tempo sentado para ficar de pé, evitando tonturas.
O envelhecimento saudável é resultante da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental, independência na vida diária, integração social e principalmente suporte familiar .